Do Glovo aos kebabs: a receita de sucesso da Jekes segundo Carlos Esteve

Carlos Esteve é um empresário com experiência em consultoria, Google e Glovo, onde liderou o desenvolvimento da Glovo Ads em Espanha. Com uma visão estratégica e paixão pela restauração, fundou a Jekes, redefinindo o kebab com qualidade, transparência e eficiência operacional. Nesta sessão de perguntas e respostas, Carlos fala-nos da sua carreira, da diferenciação da Jekes e da sua estratégia de expansão e digitalização.
1) Percurso profissional e transição para a Jekes
Antes de lançar a Jekes, trabalhou em consultoria, na Google e dirigiu a Glovo Ads em Espanha. O que o levou a dar o salto para o mundo da restauração?
Sempre me senti atraído por trabalhar em empresas que utilizo no meu dia a dia. Se eu for um alvo e um cliente, tanto melhor. Na Google aprendi o que é o marketing; na Glovo, uma cultura e valores de trabalho em equipa que, rodeados de muito talento, fizeram da Glovo uma empresa líder em entregas em 25 países. Depois de aprender, senti-me capaz de empreender. A restauração é um desafio difícil: margens apertadas, operações complexas e clientes exigentes. Mas, em contrapartida, obtém-se um feedback imediato e uma rentabilidade a curto prazo. Se as coisas correrem bem, a empresa responde rapidamente.
Como é que a sua experiência na Glovo influenciou a criação e o desenvolvimento da Jekes?
A Glovo foi a minha grande escola. Construímos anúncios de raiz e tive chefes, equipa e colegas com quem construiria qualquer negócio. Vi marcas nascerem e morrerem em poucos meses e percebi que, se queríamos que o Jekes tivesse futuro, tínhamos de o fazer bem desde o início. Aprendi que uma marca na entrega tem o dobro do impacto... para o bem e para o mal.
2. Conceito e diferenciação de Jekes
O Jekes apresenta-se como "kebabs mas bons". O que é que isto significa para si e como é que o reflecte na sua oferta?
Pegámos no kebab, tratámo-lo com amor e demos-lhe o respeito que merece. Bom produto, boas técnicas e sem medo de inovar. Queríamos que alguém pudesse comer um kebab e pensar: "Isto é fantástico e tem sido ótimo para mim".
Que aspectos consideram fundamentais para se diferenciarem num mercado tão competitivo como o da restauração rápida?
- Qualidade sem pretensões: Não somos gourmet, mas também não somos lixo. Apenas o melhor kebab possível a um preço justo.
- Experiência transparente: Nada de instalações escuras e gordurosas. O que se vê aqui é o que se recebe.
- Velocidade real: 10 minutos no local, 30 minutos em casa. Se for fast food, faça-o realmente rápido.
3. Estratégia de crescimento e expansão
Após a abertura da primeira loja perto do Santiago Bernabéu, quais são os vossos planos de expansão e como tencionam manter a essência da marca em cada novo estabelecimento?
Utilizámos as primeiras instalações como um laboratório. Queremos chegar rapidamente aos 20, mas sem perder qualidade nem experiência. Vamos crescer com a cabeça e não por crescer.
Que desafios encontraste no teu crescimento e como os superaste?
Todos os dias descobrimos coisas que não sabíamos que não sabíamos. Desde expectativas que transbordam nos primeiros meses a fornecedores que nos pregam partidas. Mas o maior desafio é manter a qualidade e a normalização quando se aumenta a escala. Ainda nem sequer há dois anos que existimos e ainda estamos a aprender... e a falhar.
4. Inovação e tendências no sector da restauração
Com a digitalização em alta, como é que a tecnologia é integrada na Jekes para melhorar a experiência do cliente?
Desde o primeiro dia que passámos a não usar papel. Utilizamos Square (como POS, KDS, dataphones, fidelização) Haddock, Localboss, Andy, Muse, entre outros. Queremos tornar a encomenda de um Jekes mais fácil do que comprar na Amazon. Além disso, estou a desenvolver um projeto tecnológico paralelo, chamado Bartech, para melhorar a previsão de vendas. Há muitas possibilidades de otimizar as compras e a contratação de pessoal com dados e automatização.
Que tendências actuais na indústria da restauração são mais relevantes para si e como as está a incorporar no Jekes?
- Qualidade a preços acessíveis: Coma bem sem gastar muito.
- Serviço rápido e real: menos produtos ultra-processados, mais produtos reais, mas sem longas esperas.
- Digitalização sem atritos: O cliente não precisa de passar 3 minutos a decidir e a encomendar.
5. Visão de futuro e parcerias estratégicas
Olhando para o futuro, que objectivos tem para a Jekes nos próximos anos?
- Continuar a crescer sem perder qualidade.
- Expandir em Madrid e noutras 5 cidades.
- Que o kebab volte a ser uma referência na rua.
No fundo, queremos que cada vez mais pessoas pensem e digam: "Apetece-me um Jekes".
Recentemente, juntou-se ao Lunch Club do theRest. O que o motivou a juntar-se a esta comunidade e como pensa que ela pode beneficiar o Jekes?
O objetivo de muitos no sector é partilhar ideias e experiências para poupar tempo, dinheiro e aborrecimentos a outros. Além disso, a equipaRest tem a certeza de que melhorar a prestação de serviços em Espanha é uma missão de todos. Por isso, vamos a isso.
Conclusão:
Carlos Esteve transformou o Jekes num exemplo de como a comida rápida pode evoluir sem perder a sua essência. A sua experiência na Glovo ensinou-lhe que a digitalização e a eficiência operacional são fundamentais para expandir um negócio sem comprometer a qualidade. Agora, com uma visão clara e uma estratégia de crescimento ponderada, a Jekes procura redefinir o kebab em Espanha, apostando na transparência, na otimização tecnológica e na velocidade real em todos os pontos de contacto com o cliente.
A expansão no sector da restauração já não depende apenas da abertura de mais lojas, mas também de o fazer com uma infraestrutura tecnológica que permita uma expansão sem atritos. A Jekes representa um modelo em que a digitalização e o crescimento andam de mãos dadas: ferramentas como o Square, Haddock, entre outras, não só melhoram as operações, como também optimizam a tomada de decisões em tempo real. Num sector em que a normalização e a experiência do cliente podem definir o sucesso ou o fracasso, a integração da tecnologia desde o início é a diferença entre crescer com controlo ou perder o rumo à medida que se cresce.




